3.3.08

Programação de Março (adeus inverno)





















Olá.

Assim encerra o 2.º período e o ciclo dos filmes da prateleira de cima da minha estante.
Março é o mês em que nos despedimos do inverno. Chaplin, Fellini, Truffaut, Bergman, Godard, Pasolini, Kubrik, estão no sol do cinema e não são o inverno. Escolhi-os para que o seu brilho nos acompanhasse num inverno de sol
Agora, batendo na porta da primavera, escolhi dois cineastas do leste europeu.
Tarkovski (n. 1932- m. 1986), que viveu o auge e o processo de declínio de um regime contraditório e fechado - o da URSS do miolo do século XX - e que o narrou em quadros poéticos de retratos intimistas.
Kusturica (n. 1954), que viveu um país que se consumiu na divergência de culturas que deveriam convergir, a Jugoslávia, hoje bósnio, empresta ao relato social dos balcãs que viveu, o delírio rocambolesco que por vezes lembra Fellini.
Faltaram tantos...
A prateleira de cima é grande e tornou-se sufocantemente estreita quando se tratou de escolher filmes para blocos lectivos tão apertados. Eisenstein, Murnau, Ophuls, Lang, Dreyer, Hitchcock, Renoir, Rossellini, Welles, Ford, Mizoguchi, Wilder, Kazan, Tati, Cassavetes, Mankiewicz, Preminger, Bresson, Buñuel, Mikhalkov, Antonioni, Visconti, De Sica, Polanski, Scola, Kurosawa, Scorsese, Fassbinder, Rohmer, Greenaway, Pialat, Lynch, Jarman, Jarmusch, Almodovar, Wenders, Kar-Wai, Hartley, Resnais, Ki-Duk, Chabrol, Trier, ... e os outros todos, sem hierarquias que não me interessam, faltaram por agora. E estiveram nos labirintos que antecederam as escolhas.
Boa primavera com os filmes do professor Arnaldo Pedro.
A entrada é livre e A LIBERDADE É BONITA.

António Boaventura Pinto





O Espelho
Zerkalo
Andrei Tarkovski
URSS, 1974

terça-feira, 4 de Março, 10h50m
quarta-feira, 5 de Março, 15h15m

Auditório da ESEQ

Autobiografia multifacetada de Tarkovski. A vida da sua mãe é fraccionada anacronicamente pelas lembranças do filho ainda menino, sobrepostas pela imagem de adulto que chega através do pai. Vasto material de arquivo incorpora a história russa do período na história particular do realizador e das suas memórias com a família e o passado, enquanto poemas de Arseni Tarkovski, pai de Andrei Tarkovski, tecem o fio narrativo.






Lembras-te de Dolly Bell
Sjecas li se Dolly Bell
Emir Kusturica
Jugoslávia, 1981

terça-feira, 11 de Março, 10h50m
quarta-feira, 12 de Março, 15h15m

Auditório da ESEQ

Na Jugoslávia dos anos 60, sob a mão-de-ferro de Tito, Dino é um adolescente que vive atormentado pelos sermões comunistas do pai, dos quais se liberta através do cinema, rock e hipnose, que acha bem mais interessantes que os ensinamentos marxistas. Entoando diariamente um mantra e acreditando no poder da auto-sugestão, ele entra no mundo dos criminosos suburbanos de Sarajevo e apaixona-se pela prostituta que foi encarregue de proteger, Dolly Bell.
Na sua primeira longa-metragem, galardoada com o Leão de Ouro em Veneza, Emir Kusturica põe já em cena os temas sociais e o delírio visual que se tornaram o traço fundamental da sua obra. É um início de carreira surpreendente: não será apenas este rapaz de dezasseis anos que não conseguirá esquecer Dolly Bell.

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