15.3.10

março 2010: Tecnologia, corpo e imaginário


“Não há ganhos tecnológicos sem

perdas ao nível do vivo, do vital.”

Paul Virilio


Sempre coube ao cinema uma multiplicidade de tarefas que se relacionam por um lado com a documentação da vida humana e por outro com a prospecção de novos mundos (realidades) inerentes à condição de ser-se homem.

O Clube 8 e Meio, lendo na sociedade actual uma contradição flagrante (hiato) entre o discurso tecnológico oficial (fortemente incentivado por uma super veloz estrutura macro capitalista) e a condição ainda fortemente ruralizada do país que habitamos, vem propor uma reflexão sobre que mundo novo é este para que inevitavelmente caminhamos.

À reflexão foram trazidos quatro filmes que de uma forma ou outra abordaram a difícil e imprevisível co-habitação entre o homem “natural” e o mundo ultra tecnológico em que se vê progressivamente mergulhado.

Esperamos pelos alunos e pelos seus contributos críticos, porque definitivamente serão eles os principais actores de um futuro próximo sobre o qual ninguém tem absoluta certeza de como se desenrolará.



BLADE RUNNER

Ridley Scott, 1982

2 de março, 10h05m


Realizado por Ridley Scott em 1982, Blade Runner é uma saga futurista que decorre numa Los Angeles cyberpunk. Baseado na novela de Philip K. Dick, Do Androids Dream of Electric Sheep?, este filme, cuja acção decorre em 2019, conta-nos a trajectória de Rick Deckard, um agente especializado no extermínio de replicants, a quem foi confiada a missão de retirar de circulação seis exemplares deste sofisticado cyborg. Criados pelo Homem para o apoiar na perigosa colonização de novos mundos, estes replicants revoltados com a sua condição de escravos e com o facto de serem dotados de um curto período de vida, regressam à Terra para pedir mais tempo ao seu ao seu criador, Dr. Tyrel, não olhando a meios para atingir este fim.



O HERÓI DO ANO 2000

Woody Allen, 1973

9 de março, 10h05m


Em 1973, o nova-iorquino Woddy Allen realizou Sleeper, ou O Herói do Ano 2000, na versão portuguesa. Depois do apocalipse, no ano 2173, um homem submetido ao processo de criogenia (congelamento para adiamento da morte) duzentos anos antes, é devolvido à vida, confrontando-se com um tempo diferente do seu, ao qual terá que se adaptar. A sociedade que o recebe vive atormentada por um regime totalitário que controla tudo e todos parecendo, no entanto, sentir-se “compensada” pelo conforto proporcionado pelo elevado grau de sofisticação científica e tecnológica e pela organização limpa e asséptica do meio ambiente.



GATTACA

Andrew Niccol, 1997

16 de março, 10h05m


Andrew Niccol, imaginou em Gattaca, de 1997, uma sociedade do futuro edificada no apuramento da espécie humana através de uma espantosa evolução da genética. Dividida entre uma classe privilegiada composta por seres humanos geneticamente melhorados em laboratório, os filhos da ciência, e uma classe segregada de pessoas chegadas ao mundo através da natureza, os “filhos de Deus”, esta é uma sociedade organizada, limpa e asséptica, na qual tudo e todos são controlados por um registo genético informatizado. Retirada aos “filhos de Deus” a utopia da felicidade, estes procuram romper com a sua condição, recorrendo a subterfúgios capazes de iludir a potente máquina de controlo de origem genética.



METROPOLIS

Fritz Lang, 1927

23 de março, 10h05m


A acção de Metropolis situa-se por volta do ano 2000, numa cidade governada pelo empresário Joh Fredersen. Metropolis é uma cidade bela, limpa, organizada e rica, na qual todos os habitantes levam uma existência saudável e hedonista. Apresentando-se como uma metáfora do paraíso prometido, esta cidade esconde, no entanto, no seu subsolo uma terrível realidade: milhares de operários escravizados vivem e trabalham num ambiente constituído por uma parafernália de máquinas tecnologicamente avançadas. Os operários têm na doce Maria a sua líder, que apela à espera paciente pela chegada do “Mediador”, uma espécie de Messias que virá um dia para os arrancar da escravidão.

Fredersen rapta Maria e ordena ao louco cientista Rotwang que crie um andróide à imagem dela, todavia mau e malévolo, de modo a que este a substitua no sub mundo dos operários. O robô Maria passa a incitar à rebelião, instalando o caos e precipitando o eminente apocalipse que não chega ao seu termo devido à libertação da Maria humana e à atempada destruição do andróide que a substituíra.


Sinopses dos filmes extraídas de “ O Homem na sociedade do futuro:

Da esperança na tecnociência ao medo do apocalipse “ de Lurdes Macedo

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