Integrado na programação das comemorações do Centenário da República na ESEQ, o Clube de Cinema 8 e Meio preparou um ciclo de cinema, intitulado “8 filmes portugueses no Centenário da República”. O enunciado do ciclo reflecte claramente os objectivos por este perseguidos. Por um lado, prestar uma justa homenagem ao cinema português, tantas vezes ofuscado pela prevalência no mercado de produtos anglo-saxónicos (de qualidade por vezes duvidosa) e por outro, suscitar nos nossos alunos uma reflexão sobre alguns dos momentos chave da vivência portuguesa do século passado. As sessões contarão com a presença de um conjunto de professores da ESEQ, que farão a apresentação dos filmes e respectivo enquadramento histórico.
Ciclo 8 Filmes Portugueses no Centenário da República
Outubro de 2010
Auditório ESEQ | Entrada Livre
Portugal e a I guerra mundial
JOÃO RATÃO de Jorge Brum do Canto
Introdução - José Carlos Silva
Segunda-feira | 4 de Outubro | 10H05
João Ratão é um dos muitos jovens portugueses mobilizados para combater na I Guerra Mundial, na batalha da Flandres. Para trás, na sua aldeia do Vale do Vouga, João Ratão deixou a sua noiva, Vitória, com quem troca apaixonadas cartas de amor, que enlevam todos os seus vizinhos, que para mais o consideram um herói. Quando finalmente regressa a casa é recebido com uma grande festa, apenas perturbada pelas histórias que chegam de França que ameaçam o seu noivado com Vitória. E quando um dia chega à aldeia uma francesa...
Portugal e o Estado Novo
CANÇÃO DE LISBOA de Cotinelli Telmo
Introdução - Fernando Souto
Quinta-feira | 7 de Outubro | 13H30
O grande clássico “A Canção de Lisboa” numa nova versão restaurada, com mais três minutos de duração e a imagem e o som recuperados para a sua qualidade original, como se de um filme novo se tratasse. Vasco Leitão (Vasco Santana), vive de mesada das tias, que vivem em Trás-os-Montes, que nunca vieram à capital, e o consideram um aluno cumpridor. Ora, o Vasco prefere os retiros e os arraiais, as cantigas populares e as mulheres bonitas, em particular Alice (Beatriz Costa), uma costureira de Bairro dos Castelinhos, o que não agrada ao pai, o alfaiate Caetano (António Silva), sabendo-o crivado de dívidas... Os azares do Vasco sucedem-se: no mesmo dia em que é reprovado no exame final de curso, recebe uma carta em que as tias lhe anunciam uma visita a Lisboa!
Portugal e o colonialismo
A COSTA DOS MURMÚRIOS de Margarida Cardoso
Introdução - Filomena Pacheco
Segunda-feira | 11 de Outubro | 10H05
No final dos anos 60, Evita chega a Moçambique para casar com Luís, um estudante de matemática que ali cumpre o serviço militar. Evita rapidamente se apercebe que Luís já não é o mesmo e que, perturbado pela guerra, se transformou num triste imitador do seu capitão, Forza Leal. Os homens partem para uma grande operação militar no norte. Evita fica sozinha e, no desespero de tentar compreender o que modificou Luís, procura a companhia de Helena, a mulher de Forza Leal. Submissa e humilhada, Helena é prisioneira na sua casa onde cumpre uma promessa. É ela quem revela o lado negro de Luís... Perdida num mundo que não é o seu, Evita apercebe-se da violência de um tempo colonial à beira do fim. Um tempo de guerra, de perda e de culpa.
Portugal e a emigração
GANHAR A VIDA de João Canijo
Introdução - António Ferreira
Quinta-feira | 14 de Outubro | 13H30
Cidália tem 36 anos. É portuguesa e vive com a família, marido, irmã e dois filhos, num bairro dos arredores de Paris. A sua vida resume-se a trabalhar muito, para juntar dinheiro, numa comunidade fechada sobre si própria e que não gosta de dar nas vistas. Mas uma noite o seu filho mais velho é morto pela polícia, e a sua vida irá mudar para sempre. Porque não quer aceitar as explicações oficiais, a passividade e a vergonha da sua comunidade, e o sem sentido que descobre na sua vida. Esta é a história de uma personagem que a vida fará maior que a vida, ao descobrir na tragédia que a trespassa, e na morte que se instala na sua própria família, que o que tem a ganhar é precisamente uma nova vida.
Portugal e o 25 de Abril
CAPITÃES DE ABRIL de Maria de Medeiros
Introdução - Ana Maria Machado
Segunda-feira | 18 de Outubro | 10H05
Em Portugal, na noite de 24 para 25 de Abril, uma canção desencadeia um golpe de Estado militar que irá mudar a face do país e o destino dos Territórios que então dominava em África. Ao som da voz do poeta Zeca Afonso, as tropas revoltosas tomam os quartéis. A Revolução Portuguesa distingue-se pelo seu carácter aventuroso, tanto como pacífico e lírico.
Portugal e a imigração
Lisboetas de Sérgio Trefaut
Introdução - Sara Silva
Quinta-feira | 21 de Outubro | 13H30
Lisboetas é um documentário político sobre a vaga de imigração que nos últimos anos mudou Portugal. Lisboetas é o retrato de um momento único em que o país e a cidade entraram num processo de transformação irreversível. Lisboetas é uma viagem a uma cidade desconhecida, a um país escondido, a lugares onde nunca fomos e que estão aqui. Lisboetas não é um filme dogmático, mas é um filme incómodo e que deixa muitas questões em aberto - por que é dificil avaliar o quanto tudo mudou e ainda pode mudar.
Portugal dos contrastes
AINDA HÁ PASTORES? de Jorge Pelicano
Introdução - José Alberto Moreira
Segunda-feira | 25 de Outubro | 10H05
Há lugares que quase não existem. Casais de Folgosinho nem sequer é um lugar. Não há luz eléctrica. Não corre água canalizada. Perde-se no silêncio de um vale entre montanhas da Serra da Estrela. Em tempos foi autêntico santuário de pastores. Hoje, os mais velhos vão morrendo e os novos fogem da dura sina de pastor, 365 dias por ano. Hermínio. 27 anos, contraria o fim. Dizem que é o pastor mais novo. O mais desassossegado. Sozinho. Rádio na mão. Rasga montanhas ao som das cassetes de Quim Barreiros que um dia sonha conhecer. Num Portugal esquecido, até quando o jovem Hermínio será pastor? Mas... ainda há pastores? As estórias de Casais de Folgosinho guardam a resposta.
E agora Portugal?
AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO de Miguel Gomes
Introdução - António Boaventura Pinto
Quinta-feira | 28 de Outubro | 13H30
No coração de Portugal, serrano, o mês de Agosto multiplica os populares e as actividade. Regressam à terra, lançam foguetes, controlam fogos, cantam karaoke, atiram-se da ponte, caçam javalis, bebem cerveja, fazem filhos. Se o realizador e a equipa do filme tivessem ido directamente ao assunto, resistindo ao bailaricos reduzir-se-ia a sinopse: “Aquele Querido Mês de Agosto acompanha as relações sentimentais entre pai, filha e o primo desta, músicos numa banda de baile”. Amor e música, portanto.
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