29.10.10

Ciclo PINTURA E CINEMA


O cinema é neto da pintura. Filho da fotografia. A expressão de ideias e sensações, a partir de um ponto de vista que as organiza e que lhes confere a sua autonomia existencial, está na hereditariedade desta família.
Se o neto, cinema, alcançou uma relação com o tempo mais próxima da realidade e uma riqueza multi-linguística que integrou o som e o movimento de modo sincrónico [semelhante há experiência que deles temos fora da arte], a pintura já os sugerira – nas sequências narrativas dos retábulos religiosos medievais, na fugacidade aparente das formas no sfumato de Leonardo da Vinci e nas técnicas impressionistas – antecipando esses horizontes. Quantas vezes os cineastas fizeram com a luz o que muitos pintores gostariam de ter feito e quantas pinturas apresentaram planos e sugeriram movimentos que muitas câmaras não ousaram fazer. O objecto cinético ou estagnado, perdura e sugere, acrescentando-se ao nosso entusiasmo de estarmos vivos. Esse é o pulsar vivo das obras de arte.

O Ciclo PINTURA E CINEMA, apresenta seis filmes dedicados à pintura e aos pintores. Alguns deles mais interessados nos aspectos biográficos, mais ou menos ficcionais, dos pintores, outros mais centrados nas pinturas ou na interpretação poética das pinturas como testemunho psicológico dos seus autores.
Convidamos a comunidade da ESEQ e todos os interessados a assistirem às nossas sessões de cinema, duranre Novembro e Dezembro, no auditório da ESEQ.


8 de Novembro de 2010, segunda-feira 10h05m
Rapariga do brinco de pérola
de Peter Webber
(2003)
duração - 100 min

Rapariga com brinco de pérola, Jan Vermeer, 1665-1666

Um dos quadros mais amados de sempre é um mistério. Pouco se sabe sobre a sua real inspiração. Isto porque a vida do seu criador, o holandês Johannes Vermeer, é envolta num grande mistério. Quem é a modelo e porque foi pintada? O se olhar, e enigmático sorriso será inocente ou sedutor? E porque usa ela um brinco de pérola?
Holanda, 1665. Depois de o pai ficar cego devido a uma explosão, a jovem Griet vê-se obrigada a trabalhar para sustentar a família. Com apenas 17 anos, torna-se criada na casa de Johannes Vermeer, um pintor cuja atenção se começa a voltar para a jovem Griet. Apesar das diferenças dos dois mundos, Vermeer leva-a para o mundo da arte, e ela torna-se sua musa...
Uma bela e comovente hisória, baseada no Bestseller de Tracy Chevalier. Para escrever este romance, a escritora inspirou-se num dos quadros mais famosos do pintor Johannes Vermeer, "Girl with a Pearl Earring".




15 de Novembro de 2010
Klimt
de Raoul Ruiz (2006)

duração - 97 min

O beijo, Gustav Klimt, 1907-1908


Paris, 1900. Gustav Klimt é homenageado na Exposição Universal enquanto em Viena é condenado como provocador. Vive a vida como a pinta, os seus modelos são as suas musas. Klimt está à frente do seu tempo. As suas relações apaixonadas com as mulheres e a busca eterna da perfeição e do amor reflectem-se em todas as suas obras. "Klimt", um filme sobre uma das mais notáveis figuras da modernidade europeia, um pintor que foi maior que o seu país e a sua época, é realizado por Raoul Ruiz.



22 de Novembro de 2010
Frida
de Julie Taymor (2002)

duração - 123 min

As duas Fridas, Frida Kahlo, 1939


Desde a sua relação duradoura e complexa com o seu mentor e marido Diego Rivera, ao seu controverso e ilícito caso com Leon Trotsky, às suas confusões românticas com mulheres, Frida Kahlo viveu uma vida dourada como política, artista e revolucionária sexual. Frida é a crónica da vida desta mulher que juntamente com Diego Rivera tomou de assalto o mundo da arte.




29 de Novembro de 2010
Cinco mulheres em torno de Utamaro
de Kenji Mizoguchi (1946)

duração - 92 min

Amantes na sala de chá, de Poema de Travesseiro, Kitagawa Utamaro, 1788

A arte, a mulher, e a influência de uma na outra formam o núcleo deste fime, de Kenji Mizoguchi. Podemos ver estes aspectos de forma separada, isto é, o realizador faz uma espécie de manifesto pela liberdade artística (assente no personagem de Utamaro) por um lado, e manifesta o seu apreço pela beleza feminina (como não?), ao encher a tela de mulheres belas, por outro.
«Este é um dos filmes mais singulares de Mizoguchi, se não for mesmo o mais singular e o mais surpreendente. (…) Nunca aquilo que no filme se define como “a essência da mulher” (e que seria a busca e a finalidade da pintura de Utamaro) tanto se confundiu, ou fundiu, com a materialidade da mulher, com os próprios corpos e a própria pele destas.» João Bénard da Costa



6 de Dezembro de 2010
Caravaggio
de Derek Jarman (1986)

duração - 93 min

A conversão de S. Paulo, Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1600-01


Esta é uma complexa e lúcida biografia de Michelangelo Merisi da Caravaggio, pintor italiano do século XVII, conhecido apenas por Caravaggio.
Muitas vezes apontado como o primeiro artista moderno, ele é aqui retratado como um homem selvagem, desregrado e escandaloso.
Um filme em que o chiaroscuro das telas é transposto para o écran a partir de um fantástico trabalho de Jarman sobre a luz, a cor e a encenação. Uma impressionante reflexão sobre a arte, a sexualidade e a identidade.




13 de Dezembro de 2010
Pollock
de Ed Harris (2000)

duração - 93 min

Número 5, Jackson Pollock, 1948

Realizado e protagonizado por nomeado Ed Harris, Pollock é um drama maravilhosamente trabalhado e surpreendente, sobre o lendário pintor americano Jackson Pollock. Vários artistas e amigos de Jackson Pollock (Ed Harris) e Lee Krasner (Marcia Gay Harden) estão no centro do mundo da arte em Nova Iorque, nos anos 40, mas quando Krasner negligencia o seu trabalho para empurrar a carreira de Pollock para a frente, Pollock começa a despertar emocionalmente. Pollock e Krasner mudam-se para o campo e casam-se, e em breve, Pollock começa a criar trabalho que o tornam no primeiro artista moderno norte-americano, famoso internacionalmente. Mas com a fama e com o dinheiro chega também um temperamento volátil e muitas dúvidas. Passado pouco tempo, a vida de Pollock ameaça explodir.

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